A arte da pesca e os homens, perante os mares, os oceanos, os lagos os rios, sempre experimentaram emoções profundas e sentimentos intensos. Chegaram a comparar o mar ao berço materno e fizeram dele um mundo de mitos e mistérios, um fiel depositário de segredos primordiais.
O mar marcou sempre o desejo de conhecimento e de aventura: as grandes explorações que aproximaram os continentes e permitiram às populações estabelecerem contacto entre si tiveram importância vital no aparecimento de heróis e nas entusiásticas epopeias marítimas: basta pensar nas caravelas de colombo e nas viagens de Fernão de Magalhães.
O poder de grandes civilizações foi muitas vezes afirmado e importo nos mares, nas margens dos lagos e ao longo de grandes rios: vale a pena referir a título de exemplo, a antiga civilização egípcia, nascida no Nilo, e a Assírio-Babilónica com origem nos rios Tigres e Eufrates.

A pesca como profissão
A água, portanto, não é só fonte de conhecimento, de mistério e aventura, mas também, e acima de tudo, uma fonte de vida, generosa e extraordinário património de subsistência. O mar, os lagos e os rios alimentaram os seres humanos, não menos do que os campos e os bosques, e a pesca tornou-se nos últimos séculos do milénio uma das principais atividades económicas do Homem. Hoje em dia a pesca no mar é uma indústria animada por frotas de barcos específicos, um comércio característico que cria rivalidades entre nações e uma indústria que infelizmente se revela cega na destruição do que nos alimenta e que está na base da nossa existência. A poluição e a pesca desenfreada fizeram desaparecer para sempre centenas de espécies e várias dezenas de outras encontram-se à beira da extinção definitiva. A perceção da situação mudou as coisas apenas em parte.
No passado a pesca em água doce representou um recurso importante para satisfazer as necessidades básicas de alimento de diferentes populações instaladas ao longo dos rios ou nas margens dos lagos do nosso país, habitados por uma fauna ictiológica de boa qualidade e consideráveis proporções. Isso determinou no tempo a consolidação de uma verdadeira atividade profissional, rica em tradições locais, no âmbito da qual a ocupações de >>pescador<< era passada de pai para filho. Trata-se de uma atividade sem dúvida laboriosa e nem sempre gratificante do ponto de vista económico, mas bastante significativa principalmente nas zonas dos lagos e lagoas de montanha e ao longo das baciais e afluentes dos principais rios portugueses como o Tejo, o Douro e o Guadiana.

A pesca como paixão
Aliada à pesca de tipo industrial no mar e a de tipo profissional nos lagos e rios, quase em surdina, sobreviveu desde sempre e por toda a parte a pesca praticada como atividade secundária, em certas situações de dificuldade económica como por exemplo aquelas determinadas pela guerra, para complementar um regime alimentar insuficiente ou, em momentos mais felizes, também só por puro prazer. Tal atividade, talvez devido ao aumento do tempo livre quer dos mais novos, quer dos menos jovens, encontram-se hoje em dia particularmente desenvolvida.
Será apenas no instinto atávico do homem caçados ou pescador que se poderá procurar justificação profunda para este desenvolvimento? Que peso terá o desejo de praticar uma atividade >>alternativa<< capaz da aproximação a uma natureza sempre muito mal compreendida e afastada do nosso quotidiano? Que importância terá o espírito competitivo inerente às provas de domingo, momento de confronto durante o qual os participantes vivem emoções fortes e vão em busca de uma vitória?
Não existem respostas definitivas a estas questões; não existe dados estatísticos a interpretar, mas é, todavia, certo que não só tem aumentado o número de pessoas que se dedicam a esta atividade, como também o desejo da maioria de adquirir mais conhecimento para melhorar as suas prestações.

Pesca de competição ou desportiva?
Nas últimas décadas desenvolveram-se em Portugal, e não só, dois conceitos diferentes, daí, dois tipos diferentes de comportamento: por um lado, tomou forma a conhecida pesca de competição que promove a disputa entre pescadores para determinar quem é o melhor; por outro foi consolidada a chamada pesca desportiva ou muito simplesmente de lazer, durante a qual o pescador compete diretamente com o peixe.
No primeiro caso a finalidade é a de capturar no menor tempo possível, o maior número de peixes e isso comporta o recurso seja aos equipamentos mais sofisticados, seja a qualquer outro artifício (sempre no âmbito da lei regulamentar); no segundo, a captura nem que seja só de um exemplar, realizada >>desportivamente<< e sem recurso a truques particulares que não sejam a sua própria astúcia e experiência, é o único prémio ambicionado. Quem se dedica à pesca de competição vive em geral experiências coletivas e familiariza-se com instrumentos de medida, com regulamentos, com pontuações e por aí adiante; quem dedica a sua atenção à pesca desportiva persegue a sua presa sobretudo sozinho, apenas na companhia dos seus pensamentos e do seu equipamento, elaborando frequentemente segundo velhos ensinamentos.
Ambos, no entanto, embora com atitudes distintas, competem sempre com uma fauna ictiológica complexa que vale a pena conhecer melhor, e com material de pesca com origens remotas, modificado gradualmente aperfeiçoados pela moderna tecnologia que permitiu o uso de materiais novos mais resistentes e mais leves em simultâneo, mais funcionais em tais situações e, portanto, mais eficazes.
Ambos, no entanto, apesar de serem praticados com espíritos diferentes deverão aprender a conhecer melhor tanto os habitats, os hábitos e características das presas, como as técnicas mais adequadas à sua captura.